Travessia da Juatinga


1º Dia - Paraty - Praia do Engenho - Praia Grande da Cajaíba

Chegamos em Paraty-RJ por volta das 7 de uma manhã chuvosa do dia 8 de janeiro de 2018. Viajamos de madrugada e optamos por deixar o carro em Paraty pela facilidade da volta, pois há ônibus direto e fácil da Vila Oratório até à cidade. Porém, a distância de barco até o Saco do Mamanguá é muito maior e o valor também. Logo, se quiser fazer uma economia no percurso do barco, a recomendação é deixar o carro em Paraty Mirim e pegar o barco ali mesmo.

Praia Grande da Cajaíba

Curtimos a viagem de barco passando por entre as várias ilhas e o continente até chegar ao Saco do Mamanguá. Avistamos a Praia do Engenho e agora era só conseguir um lugar para descer. Ancoramos num cais próximo à praia e logo apareceu um caseiro truculento e mal humorado dizendo que ali era propriedade particular e não nos deixou descer. Procuramos então outro lugar próximo e descemos em outro cais, que também era particular mas não havia ninguém por ali no momento, caso contrário teríamos que descer pela praia e iríamos nos molhar, já que não havia botes no barco.

Praia Grande da Cajaíba

Já era pouco mais de 11 hrs da manhã quando chegamos à Praia do Engenho. Fizemos um lanchinho rápido e já demos início à trilha. Da praia já avistávamos a montanha que iríamos subir com as nuvens cobrindo tudo. A meta do primeiro dia era chegar até à Praia Grande da Cajaíba e, se possível, continuar até o Pouso da Cajaíba. A trilha do primeiro dia seria debaixo de chuva, mas tudo bem, já esperávamos por isso. Foi o dia mais difícil, pois estávamos sem dormir e já muito cansados da viagem, além da chuva que deixou a trilha muito escorregadia.

Pescadores na Praia Grande da Cajaíba

Após umas 2 horas de caminhada e muitos escorregões chegamos completamente encharcados e sujos de lama na Praia Grande da Cajaíba. O tempo estava bastante feio, estávamos bastante cansados, então decidimos ficar por ali mesmo. Conseguimos um bom lugar para armar o acampamento debaixo do telhado de um bar que estava fechado, já que o camping que fica um pouco acima da trilha estava encharcado, segundo o dono, que nos deixou ficar ali. Curtimos o entardecer na praia, fizemos nossa janta básica de acampamento e fomos dormir bem cedo.

2º dia - Praia Grande da Cajaíba - Praia de Martim de Sá

Acordamos por volta das 7 da manhã e o tempo começava a abrir. Tomamos nosso café e curtimos um pouco a praia antes de dar início ao segundo dia de trilha. O tempo abriu completamente e tivemos um lindo dia ensolarado, aproveitando também o Sol para secar nossas roupas que continuavam encharcadas do dia anterior.

Desarmamos o acampamento e iniciamos novamente a caminhada por volta das 10 hrs da manhã. A trilha até o Pouso da Cajaíba é muito tranquila, passando por algumas praias. Seguimos até a primeira que se chama Praia de Itaoca, uma linda praia, bem limpa e cuidada, com uma pequena ilha à frente. Seguimos passando pela Praia de Calhaus e Itanema, todas bem simpáticas. O dia estava muito agradável e para melhorar, muitas mangas maduras despencavam das árvores por todos os lados.

Praia do Pouso da Cajaíba

Chegamos à Praia do Pouso da Cajaíba onde paramos um pouco. Não demoramos muito e por volta das 13 hrs continuamos até a Praia de Martim de Sá por uma trilha que sobe novamente por uns 300 metros de desnível. Chegamos na Praia de Martim de Sá umas 15 hrs. Após um primeiro dia bastante complicado, o segundo, apesar de mais longo, foi bem mais tranquilo, sem chuva ou qualquer imprevisto.

Praia Martim de Sá

Ao chegar na Praia de Martim de Sá nos deparamos com uma porteira, onde já fomos abordados pelos donos do camping cobrando adiantado R$ 25,00 o dia. Armamos acampamento e fomos curtir o entardecer na praia, que é muito bonita e com belas ondas. Logo depois fizemos nossa janta e fomos dormir cedo novamente. Durante a noite caiu uma chuva, mas estávamos bem equipados e não tivemos qualquer problema além de algumas roupas molhadas.

3º dia - Praia de Martim de Sá - Praia de Ponta Negra

Acordamos novamente por volta das 7 hrs com o dia novamente ensolarado. Tomamos nosso café e partimos por volta das 9 hrs rumo à primeira parada do dia, que seria a Praia de Cairuçu das Pedras. Após cerca de 1:30 hrs de trilha avistamos do alto a bela visão da praia, pequena e salpicada de pedras por todos os lados, o que dificulta um mergulho no mar devido às ondas. Entretanto, há ali uma pequena queda d’água onde os moradores improvisaram uma piscina construindo um poço, perfeita para um banho refrescante de água doce. Aproveitamos a parada para também comer uma deliciosa e bem servida porção de peixe frito que custou R$ 50,00.

Vista da trilha

Iniciamos novamente a trilha para nossa próxima parada onde iríamos armar acampamento, a Praia de Ponta Negra. Saímos por volta das 14:30 hrs para o que, segundo relatos, seria o trecho mais difícil da travessia. Subiríamos 580 metros de desnível pela trilha para depois descer até a próxima parada. Apesar da subida, a trilha não é nenhum bicho de 7 cabeças. A dificuldade do primeiro dia parece ter deixado os demais bem mais tranquilos. O único problema que encontramos foi uma árvore que caiu fechando a trilha, mas passamos sem grandes problemas.

Praia Cairuçu das Pedras

Chegamos à Praia de Ponta Negra por volta das 17:00 hrs e logo conseguimos um bom lugar para acampar. O dono do camping cedeu a varanda de uma casa onde seria mais seguro caso chovesse. Aproveitamos o entardecer na praia, degustamos algumas porções de peixe e lula ao preço de R$ 55,00 cada e fizemos uma pequena janta mais tarde no acampamento antes de deitarmos.

4º dia - Praia de Ponta Negra - Cachoeira do Saco Bravo

Acordamos novamente por volta das 7:00 hrs da manhã, tomamos um café e fomos curtir a praia. Tínhamos pensando em ir até a Cachoeira do Saco Bravo mas o tempo foi passando e acabamos ficando com preguiça. Nossa intenção era ir cedo para o Saco Bravo e depois pegar a trilha novamente até a Praia do Sono, onde iríamos passar nossa última noite. Já eram 12:00 hrs quando deixamos a preguiça de lado e decidimos ir até a cachoeira. Passaríamos nossa última noite novamente em Ponta Negra e iríamos no dia seguinte direto até a Vila Oratório.

Praia de Ponta Negra

Praia de Ponta Negra

A trilha até a Cachoeira do Saco Bravo é bastante tranquila e com um visual belíssimo. Com pouco mais de 1:30 hrs de caminhada chegamos à cachoeira, onde ficamos curtindo, refrescando e esturricando sob um Sol muito forte, já que não há muita sombra no local.

Vista da trilha

A Cachoeira do Saco Bravo é composta por 3 quedas d’água. A do meio é a principal, onde se chega através da trilha até as pedras que dão acesso a ela. A primeira visão que se tem é de um poço esverdeado com direito a uma “janela para o mar”, por onde desce a última queda, desaguando em meio às turbulentas ondas do Saco Bravo. A menor, de cima, pode-se chegar escalando as pedras. É um visual incrível!

Cachoeira do Saco Bravo

Cachoeira do Saco Bravo

Cachoeira do Saco Bravo

Voltamos no final da tarde, chegando novamente à Ponta Negra por volta das 18 hrs, onde jantamos um prato com um delicioso peixe grelhado ao preço de R$ 35,00. Decidimos acordar bem cedo, saindo às 6:00 da manhã para aproveitar a manhã na Praia do Sono, antes de pegarmos o rumo para casa, mas tivemos que cancelar os planos quando fomos surpreendidos durante a noite por uma tempestade com ventos fortíssimos. A varanda ajudou a amenizar um pouco, mas como o vento vinha de frente, acabou molhando bastante as coisas.

5º Dia - Praia de Ponta Negra - Vila Oratório

Levantamos no dia seguinte no horário de costume buscando um solzinho para secar as coisas molhadas. O dia estava nublado. Desarmamos o acampamento e partimos com as roupas molhadas mesmo para a Praia do Sono, onde faríamos uma parada.

Praia do Sono

O dia nublado prejudicou o visual das últimas praias da travessia, porém, amenizou o que seria nosso dia com trilhas mais descobertas e, consequentemente, mais expostas ao Sol. Passamos por Galhetas, uma praia de pedras, onde há uma ponte para cruzar um rio. Depois Antiguinhos e Antigos, onde já se vê algumas pessoas que veem da Praia do Sono, que é logo ao lado.

Chegamos à Praia do Sono por volta das 11:00 hrs, onde paramos para descansar e almoçar. Comemos novamente uma refeição com peixe grelhado que custou R$ 30,00. Não demoramos muito e já partimos, pois tínhamos ainda que ir de ônibus até Paraty.

A última trilha até a Vila Oratório foi a pior que pegamos, devido ao intenso fluxo de pessoas e as constantes chuvas. Encontramos muitas pessoas chegando à Praia do Sono sujas de barro, caminhando de chinelos e por vezes carregando sacolas e coolers de cerveja.

Chegamos na Vila Oratório por volta das 13:00 hrs, onde tomamos um sorvete e esperamos o ônibus, que não tardou. A volta até Paraty pelo menos foi tranquila e rapidamente chegamos à cidade. O ônibus custou cerca de R$ 3,50.

A Travessia da Juatinga é uma trilha maravilhosa, que deve ser feita mais vezes devido à quantidade de atrativos. A umidade do local requer roupas leves e equipamento adequado para se proteger da chuva. É aconselhável levar comida para não depender somente da comida local, principalmente no quesito café da manhã, mas também é sempre bom apreciar um peixe grelhado fresquinho do mar. Por isso, saiba equilibrar na comida para não acabar carregando muito peso desnecessário, pois são vários dias de travessia.


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