Travessia Marins - Itaguaré - 2 Dias

A Travessia Marins - Itaguaré é uma das mais conhecidas da Região Sudeste, sendo recomendado 3 dias para percorrê-la em sua versão clássica, com dois pernoites próximos aos picos de ambas extremidades que dão nome à travessia, fazendo-se o ataque aos dois cumes. Outras versões podem ser feitas em 2 ou até mesmo 1 dia. A de 2 dias é necessário apenas 1 pernoite, dificultando o ataque aos cumes. A de 1 dia, sem a necessidade de pernoite e, consequentemente, de mochila cargueira, pode ser feita em sua totalidade, sendo necessário somente um bom preparo físico e muita disposição.

Optamos pela versão de 2 dias mesmo sabendo que o ataque ao cume do Marins era um possibilidade distante. Como já conhecíamos bem o Marins, focamos nossas energias em completar a travessia até o Itaguaré. O ataque ao Marins seria decidido durante o percurso dependendo do tempo e energia disponíveis.

Partimos então no dia 11 de outubro de 2017 por volta das 21:00 hrs numa quarta-feira, véspera de feriado, para a cidade mineira de Marmelópolis, até o acampamento base do Itaguaré, ponto final de nossa travessia, onde deixaríamos o carro e seguiríamos com um resgate até o acampamento base do Marins. Optamos pelo resgate antes para não ser preciso esperar pelo resgate e facilitar nossa volta.

Depois de alguns contratempos até a base do Itaguaré, o resgate já estava à nossa espera e conseguimos chegar na acampamento base do Marins por volta das 2:20 hrs. Tudo pronto, checado e cantis abastecidos, iniciamos nossa caminhada às 3:00 hrs.

Trilha do Pico do Marins

Amanhecer na trilha do Pico do Marins

Pico do Marins visto da trilha

A trilha do Marins começa por uma mata fechada, continua por uma estrada que vai ficando cada vez mais acidentada até o Morro do Careca, primeira parada para tomar um ar. Segue novamente por uma mata fechada e vai subindo até que as pedras comecem a dominar o terreno. Enquanto contornávamos a montanha pela trilha, o céu já clareava com os primeiros raios de Sol. Ao chegar na área de charco, ponto de bifurcação da trilha, já estava dia claro. Neste ponto a trilha se divide, à direita para o cume do Marins e à esquerda e para o Marinzinho. O Sol já estava forte e, de possibilidade remota, o ataque ao cume do Marins já passava longe de nossos planos. Seguimos então rumo ao Marinzinho.

Cume do Marinzinho, Pedra Redonda, Pico do Itaguaré e Serra Fina vistos do Pico do Marinzinho

Pico do Marins visto do Pico do Marinzinho

Vale do Paraíba visto do Pico do Marinzinho

Chegamos ao Pico do Marinzinho debaixo de um Sol escaldante e era ainda só 9:00 hrs da manhã. Dali avista-se todo o restante da travessia e já começamos a nos preocupar com o calor e a água disponível. Após uma boa descansada, nos alimentamos e continuamos. Para descer o Marinzinho é necessário fazer uso das cordas que lá estão fixadas e é o ponto mais técnico da travessia. Começa então um sobe e desce pela crista da montanha e foi necessário fazer algumas paradinhas nos pontos mais altos e baixos para pegar um fôlego.

Pedra Redonda, Pico do Itaguaré e Serra Fina vistos do Pico do Marinzinho

Pequena caverna no Pico do Marinzinho

Fizemos novamente uma parada longa, agora na Pedra Redonda, uma grande pedra em forma de disco que se equilibra de forma peculiar sobre outra pedra no topo de uma elevação. Aproveitamos a sombra da pedra pra descansar. Um cochilo seria inevitável se a sombra não começasse a diminuir. Energias renovadas, continuamos a travessia.

Pico do Marins e Pico do Marinzinho vistos da Pedra Redonda

Pedra Redonda

O sobe e desce continua e a cada topo que subíamos avistávamos outro. Com o calor exaustivo, a caminhada somente era possível fazendo pequenas paradas nos poucos pontos sombreados para esfriar um pouco o corpo e seguir novamente.

Pico do Itaguaré visto da trilha

Pico do Itaguaré visto da trilha

Tínhamos como meta chegar ao último camping antes do cume do Itaguaré mas a possibilidade de parar antes também estava em nossos planos caso não fosse possível. Já estávamos ao lado do enorme desfiladeiro do Itaguaré, já muito exaustos quando, para piorar, torci meu pé pisando em falso. Tive de fazer uma parada até a dor passar. Por sorte não foi nada grave e estava confiante que iria conseguir. A dor passou e continuamos o pouco que faltava e um alívio nos foi tomando enquanto subíamos o último lance até o Itaguaré.

Camping no Pico do Itaguaré

Já exaustos, demoramos um pouco para encontrar a área de camping. Já era 3:00 hrs da tarde quando começamos a montar o acampamento, totalizando 12 horas de percurso até ali, contando com as várias paradas devido ao calor. Por sorte o ponto de água perto do camping estava corrente e foi possível reabastecermos, já que os 5 litros de água que cada um de nós levamos não seria suficiente também para o dia seguinte, devido à necessidade constante de nos hidratar debaixo do Sol quente. Sendo assim, tivemos também o suficiente para prepararmos nosso jantar com mais tranquilidade. Muito exaustos dormimos um sono reparador para o dia seguinte.

O dia amanheceu aberto como no anterior, mas seria bem mais tranquilo pois o ataque ao cume do Itaguaré é bastante curto a partir dali. Subimos as pedras e, após algumas tentativas de encontrar o caminho certo, conseguimos atingir o cume onde há um livro para que os visitantes possam assinar.

Pico do Itaguaré

Cume do Pico do Itaguaré com Pico do Marins e Pico do Marinzinho ao fundo

Serra Fina vista do Pico do Itaguaré

A vista do cume do Itaguaré é fantástica. Ao sul se vê, imponentes, o Pico do Marins e o do Marinzinho, além de toda a trilha que segue pela crista da montanha pelo lado oeste. Ao leste uma vista fantástica do Vale do Paraíba com a Serra do Mar ao fundo e ao norte o desenho característico da Serra Fina com a Pedra a Mina em destaque. Também avista-se a Serra do Papagaio bem ao fundo.

Acampamento desmontado e prontos para volta até o carro

Descemos sem muita pressa e começamos a desmontar o acampamento. Abastecemos novamente no ponto de água para a descida até o carro, que seria tranquila e não tínhamos muito com o que nos preocupar. No caminho encontramos outros aventureiros que subiam para iniciar a travessia a partir dali ou somente fazer um ataque ao pico. Em certo ponto da trilha corta um riacho onde há algumas pequenas quedas d'água formando um poço raso, mas suficiente para um banho muito gelado que renovou nossas energias e literalmente lavou nossa alma. Chegando ao carro e partimos, mas não antes de um merecido almoço na cidade de Marmelópolis.

A Travessia Marins - Itaguaré não é famosa à toa. É um belo desafio e um ótimo treino para travessias mais exaustivas como a da Serra Fina. Em dias quentes como o que pegamos, é realmente necessário depender dos pontos de água tanto do Marins quanto do Itaguaré, principalmente ser for feita em 3 dias, o que não deve acontecer com condições mais amenas como no inverno.

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